quarta-feira, 31 de julho de 2013

Conquistas da nova classe média devem sobreviver à desaceleração

A recente desaceleração da economia brasileira e de outros países emergentes pode frear o processo de redução da pobreza e expansão da chamada "nova classe média" ou "classe C" nesses países, mas não deve significar uma reversão das conquistas da classe na última década.
Essa é a avaliação de especialistas no tema de redução da pobreza ouvidos pela BBC Brasil, como o brasileiro Francisco Ferreira, economista-chefe do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento do Banco Mundial.
"Se o critério para a classificação de indivíduos como pobre ou classe média é puramente a renda, evidentemente é possível que uma família específica que esteja no que chamamos de faixa de vulnerabilidade volte para a pobreza ─ por exemplo, se algum de seus membros ficar desempregado", diz Ferreira.
"Mas estamos falando de casos individuais. Não acredito que uma desaceleração possa reverter os ganhos sociais dos últimos anos de forma generalizada ─ o que podemos ter é uma freada no ritmo dos avanços."
Jens Arnold, economista sênior da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) especializado em Brasil, e Homi Kharas, do programa em Economia Global e Desenvolvimento do Brookings Institution, nos EUA, concordam que a expansão da classe média brasileira e de outros emergentes seria um fenômeno "sustentável".
"No Brasil em especial, temos um processo de redução das desigualdades amparado em tendências bem estabelecidas como o avanço no acesso a educação e a redução das diferenças salariais entre trabalhadores qualificados e não qualificados, além de políticas de transferência de renda que dificilmente serão revertidas", afirma Arnold.

Classificação

Segundo dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ligada ao governo brasileiro, de 2001 a 2011 cerca de 35 milhões de brasileiros deixaram a pobreza para serem incluídos nas fileiras da nova classe média, segmento que hoje incluiria 53% da população.
Os critérios para classificação de uma família nesse grupo, porém, são tema de amplo debate. Pelos parâmetros da SAE, fazem parte da classe média indivíduos com renda entre R$ 291 e R$ 1.019 mensais, ainda que vivam em moradias precárias, sem saneamento básico, por exemplo.
No caso do Banco Mundial, são considerados de classe média indivíduos que recebem entre US$ 10 e US$ 50 por dia, ou entre US$ 300 (R$ 680) e US$ 1500 (R$ 3.400) por mês.
Segundo explica Ferreira, os que vivem com uma renda diária de US$ 4 a US$ 10 ─ o que equivale a um salário mensal de US$ 120 a US$ 300 (R$ 272 a R$ 680) ─ seriam parte de uma espécie de classe média baixa considerada "vulnerável", que incluiria 37,5% da população latino-americana.
"Nossa estimativa é que, com essa renda, os indivíduos tem um risco de mais de 10% de voltar para a pobreza em 5 anos. Por isso eles são considerados vulneráveis", diz.
Durante os protestos que tomaram as principais cidades do país no mês passado, uma das hipóteses levantadas por observadores e analistas era que algumas pessoas teriam saído às ruas motivadas pelo "medo" de ter seus ganhos da última década revertidos em um cenário de maior inflação e menor crescimento econômico ─ apesar de os níveis de desemprego brasileiros ainda estarem historicamente baixos.

Protestos

"Não acho que esse medo seja tão significativo, mas o que concluo desses movimentos é que a expansão da classe média deve ter um efeito importante sobre o equilíbrio político do país, embora a essa altura seja difícil estimar qual será tal efeito", opina Ferreira.
"No longo prazo poderíamos ter uma pressão mais consistente por melhorias nos serviços públicos, por exemplo."
Kharas, do Brookings Institution, vê na expansão da classe média o elemento de ligação entre os protestos brasileiros e os ocorridos recentemente em outros países em desenvolvimento, como os protestos por mais segurança na Índia, organizadas após uma estudante ser estuprada em Déli; a onda de manifestações iniciada na Turquia por um projeto de urbanização que destruiria um parque na praça Taskim e os protestos ocorridos na Indonésia em junho por causa do aumento dos combustíveis.
"Em todos esses países temos uma classe média em expansão, em um contexto em que é cada vez mais fácil se organizar por internet e a repressão política é menos aceitável", diz Kharas.
"As classes médias dependem muito dos serviços públicos e boas regulamentações governamentais para manter seu padrão de vida, então é natural que a pressão pela melhoria da eficiência desses serviços cresça com a expansão de tal classe em diversas partes do globo."
O economista admite que há "evidências contraditórias" sobre a agenda política das classes médias de países emergentes, o que faz com que seja difícil prever os resultados no médio e longo prazo de ondas de protestos como essas.
Alguns grupos tendem a ser mais conservadores e até apoiam regimes autoritários, enquanto outros são mais liberais.
"Mas, apesar dos riscos, tais movimentos representam oportunidades importantes para se criar mecanismos que garantam políticas públicas mais eficientes e um maior engajamento do governo e das classes políticas com os cidadãos."

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Manifestações Agressivas

Manifestação no Rio tem bomba e correria nas escadarias da Alerj


Os manifestantes que seguiram da Cinelândia para a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), nesta segunda-feira (17), no centro da capital fluminense, envolveram-se em uma confusão iniciada após a explosão de uma bomba na rua Araújo Porto Alegre, nas imediações da ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Os manifestantes soltavam fogos de artifício no momento em que a bomba explodiu.
Segundo informações da PM, os manifestantes tentam invadir o prédio da Alerj. Um coquetel molotov foi lançado em direção ao edifício, e atingiu a porta da Alerj. Policiais militares do Batalhão de Choque utilizam balas de borracha para dispersar os manifestantes.

No centro do Rio, manifestantes envolvem-se em confusão após a explosão de bomba

Pelo menos 40 mil pessoas participam da manifestação na avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro do Rio, segundo a PM. A polícia esperava até dez mil pessoas. Os manifestantes, que iniciaram o protesto às 17h23, fecharam a avenida Rio Branco e caminharam em direção à Cinelândia.
Houve correria e uma discussão acalorada entre os próprios manifestantes, que repreenderam a atitude dos jovens que colocaram fogo na bandeira. Passado o susto, centenas de pessoas vaiaram os punks e gritaram palavras de ordem contra a violência.
Os manifestantes reclamam do aumento de R$ 2,75 para R$ 2,95, cujo reajuste entrou em vigor no dia 1º de junho. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), já sinalizou publicamente não pretender revogar o aumento, pois o mesmo está "dentro de regras estabelecidas em contrato".
"Não são R$ 0,20. Isso é uma demanda reprimida, reflexo da falta de perspectiva dos jovens. O transporte também é péssimo. Andamos em chassi de caminhão travestido de ônibus", disse o desempregado Carlos Piragibe, 56, que participa de sua segunda passeata. "Vim em duas e voltarei em todas que tiverem", completou.

Acompanhados por três carros da Polícia Militar e mais de 150 agentes do 5º BPM (Praça Tiradentes), os manifestantes entoavam palavras de ordem e cânticos de protesto. Uma das canções tinha a seguinte mensagem: "Se a passagem não baixar, o Rio vai parar". Os organizadores da passeata improvisaram uma banda formada por jovens ritmistas.
O primeiro pelotão de manifestantes carregava uma grande faixa amarela que diz: "Não é por centavos, é por direitos". Além disso, muitas pessoas exibem flores brancas e pedem para que os curiosos tomem a avenida Rio Branco: "Vem, vem, vem para a rua vem", gritam eles.
Além da principal reivindicação, a do aumento da passagem, há pessoas que expõem suas opiniões em relação a outros assuntos polêmicos, tais como a aprovação da PEC 137, a paralisação do bondinho de Santa Teresa, as péssimas condições do sistema público de ensino, entre outros.

E Mais Manifestações

Dilma considera manifestações 'legítimas', diz ministra

Segundo Helena Chagas, presidente acompanha ação da polícia.
'Ela está encarando isso como questão normal da democracia', disse.


A ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Helena Chagas, afirmou nesta segunda-feira (17) que a presidente Dilma Rousseff considera "legítimas e próprias da democracia" as manifestações em várias cidades do país.
"A presidente considera que as manifestações pacíficas são legítimas e próprias da democracia e que é próprio dos jovens se manifestarem", afirmou a ministra.
Segundo ela, Dilma está acompanhando a atuação policial nas cidades, mas "não está envolvida diretamente", segundo descreveu. Nesta tarde, presidente esteve com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que fez relatos sobre a situação de segurança.
"Ela está encarando isso como questão normal da democracia", disse Helena Chagas sobre os protestos.
Questionada sobre as vaias recebidas pela presidente na abertura da Copa das Confederações, no último sábado (15), Chagas disse que "isso não tem relevância".

Os protestos, iniciados na semana passada em São Paulo por causa do aumento da tarifa de transporte, se alastraram por várias capitais desde o fim de semana. Nesta segunda, as manifestações áreas centrais de Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Maceió, Fortaleza, Belém e Vitória, além de várias cidades no interior.

Notícias Sobre as Manifestações

Ato em Pindamonhangaba dá apoio às manifestações contra tarifa em SP

Movimento classificou ainda como violenta a ação da PM na capital.
Uma série de protestos mobiliza as capitais do país nesta segunda

Protesto reúne estudantes em Pindamonhangaba. (Foto: Suellen Fernandes/G1)Protesto contra tarifa em São Paulo reuniu pelo menos 200 estudantes em Pindamonhangaba nesta segunda-feira (17). (Foto: Suellen Fernandes/G1)
Pelo menos 200 manifestantes, a maioria adolescentes, se reuniram na tarde desta segunda-feira (17), em Pindamonhangaba (SP), para apoiar os protestos contra a tarifa do transporte público em São Paulo e criticar a ação policial na capital, no confronto que terminou com feridos na última quinta-feira (20). Eles percorreram ruas da região central, o que prejudicou o trânsito na cidade.
Com os rostos pintados e narizes de palhaço, os jovens carregavam cartazes e gritavam palavras de ordem. A manifestação teve início por volta das 17h30 na Praça Monsenhor Marcondes e seguiu até o Paço, onde contou com um carro de som. Uma série de moblizações acontecem em todo o país 
A caminhada pacífica durou cerca de 30 minutos e foi acompanhada pelos policiais. Líder do movimento organizado na internet, o jornalista Flávio Hernandes, de 40 anos, disse que o movimento é apartidário e mostra que o jovem está deixando de protestar apenas na web. "É disso que precisamos, de uma democracia participativa, do jovem saindo do sofá. O povo está cansado de ônibus caindo os pedaços, de motoristas e cobradores mal educados e de ser oprimido",

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Redação do Enem Terá Mais Vigor


Após miojo e hino de time, redação do Enem       terá mais rigor na correção


O MEC (Ministério da Educação) confirmou nesta quarta-feira (8) as mudanças nos critérios de correção da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Redações que contarem com trechos desconectados com o resto do texto (como as que apresentaram receita de macarrão e trecho do hino do Palmeiras) vão receber nota zero. Até o momento, provas com esse perfil perdiam de 400 a 500 pontos. 

Polêmicas na redação do Enem

Reprodução

Candidato escreve receita de miojo na redação do Enem e tira nota 560Reprodução/Servidores do Inep

Após miojo, Inep quer anulação de redações com gracinhas no Enem


A prova deste ano também vai ter correções mais rigorosas em relação a ortografia. De acordo com o ministro Aloizio Mercadante, erros ortográficos serão aceitos como excepcionais e sem reincidência. "Se estamos mudando o padrão, é porque não estamos satisfeitos". A mudança foi motivada por casos como o do estudante que tirou nota máxima na redação mesmo com diversos erros de ortografia.
Outro fator que mudou foi em relação a discrepância para as redações terem uma terceira avaliação. Até o Enem 2012, era preciso ter diferença de 200 pontos entre as notas dos avaliadores. Neste ano, a diferença para uma prova ter terceira avaliação será de apenas 100 pontos.
Em 2012, 21% das redações foram avaliadas por três pessoas. A expectativa é de que um terço das provas sejam corrigidas.
O órgão também informou que haverá um aumento no número de corretores e o aprimoramento do treinamento dos avaliadores. O critério para eliminar um avaliador do processo também foi alterado, haverá "monitoramento dos avaliadores com base em 33 parâmetros, com eliminação daqueles com desempenho inferior a 7 (numa escala de 0 a 10).
Em 2012, a eliminação ocorria quando o desempenho era inferior a 5". "Agora a gente vai descer o sarrafo", diz o ministro. diz o ministro da educação Aloizio Mercadante. No ano passado, 735 avaliadores foram retirados do processo. Se a nova nota valesse em 2012, esse número seria de cerca de 1.200 corretores.
 

Calendário

As inscrições do Enem 2013 começam na próxima segunda-feira (13). Os estudantes terão até 27 de maio para fazer a inscrição no exame e poderão realizar o pagamento da inscrição até o dia 29 de maio. O edital do Enem 2013 será publicado amanhã (9). 
Assim, como em anos anteriores, estudantes que estejam cursando o 3º ano do ensino médio em escola pública estão isentos do pagamento. Para o restante do público, a taxa é de R$ 35. Para este ano, o MEC espera até 6,1 milhões de inscritos.
As provas acontecerão nos dias 26 e 27 de outubro, o exame começará às 13h (horário de Brasília).
No primeiro dia, serão aplicadas as provas de ciências humanas e ciências naturais e o aluno terá 4 horas e 30 minutos para realizar a prova. No segundo dia, serão aplicadas as provas de linguagens e códigos, de matemática e a redação e o candidato terá 5 horas e 30 minutos

ADESIVO CONTRA DOR DE CABEÇA


  • Adesivo aprovado nos EUA é eficaz contra enxaqueca, avaliam especialistas
                          O dispositivo é recomendado para pacientes com enxaquecas esporádicas

  • Quem sofre de enxaqueca, sabe: as crises muitas vezes vêm acompanhadas de náuseas e vômitos. E esses sintomas gastrintestinais acabam dificultando a absorção dos medicamentos receitados para aliviar a dor e o mal-estar. Para evitar o problema, um adesivo que libera o sumatriptano (susbtância já usada no tratamento da doença) diretamente na corrente sanguínea foi aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration), a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos.
  • A administração de remédios via adesivo não é uma novidade, mas esse dispositivo utiliza uma nova tecnologia, um mecanismo da iontoforese para liberar o medicamento. "Esse adesivo tem dois polos, um positivo e outro negativo, sendo um com o sumatriptano e outro com duas pequenas baterias. Elas geram uma pequena corrente elétrica, imperceptível e indolor, liberando, assim, a substância", explica o neurologista André Felicio, doutor em Ciências pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
    O Zecuity, nome comercial do dispositivo com sumatriptano, pode ser administrado pelo paciente e, quanto antes for utilizado, melhor. "Quanto mais cedo ele liga esse dispositivo durante a crise, mais rápido a enxaqueca passa. Não basta só colar o adesivo, é preciso pressionar o botão e observar, pois enquanto a luz estiver piscando, significa que a substância ainda está sendo liberada", ensina Felicio. O sumatriptano presente no dispositivo demora até quatro horas para chegar na corrente sanguínea.
    O neurologista Leandro Teles afirma que a única desvantagem do adesivo é o seu custo alto, US$ 90 (cerca de R$ 180) cada um, devido à tecnologia usada no dispositivo. "O sumatriptano via oral custa R$ 15  e a injeção subcutânea dessa mesma substância custa de R$ 40 a 50", pondera Teles, que afirma que a injeção ainda é a forma mais rápida de receber a medicação. "Ela demora 10 minutos para agir no corpo, mas tem muita gente que não gosta devido ao desconforto causado pela agulha", argumenta.
    Teles acredita que o lançamento desse produto em outros países (ele ainda não está disponível no Brasil) irá baratear os custos. "A absorção do adesivo é bem mais rápida que o remédio via oral, portanto quando o adesivo ficar mais barato, muita gente poderá aderir", explica Teles.
    Enxaqueca episódica
    O adesivo é prescrito para paciente com dores episódicas de cabeça. "Se a pessoa tem duas crises de enxaqueca por mês, ela vai usar o adesivo, mas se a situação for crônica é necessário remédios preventivos e até tratamentos mais sofisticados, como a injeção de toxina botulínica em pelo menos 31 pontos específicos da região crânio-cervical", lista Felicio.
    O neurologista Leandro Teles concorda que o adesivo não é um tratamento de médio e longo prazo, mas defende que cada caso deve ser analisado isoladamente. "Tem gente que só tem uma crise de enxaqueca por mês, mas é uma dor tão forte que a pessoa tem que ir sempre ao pronto-socorro, nesses casos também é importante prevenir", afirma.
    A contraindicação do adesivo é para pacientes grávidas e indivíduos com doenças coronárias e cardíacas. "A substância diminui o calibre dos vasos e isso aumenta o risco de infarto", explica Teles.

Tribunal Condena Soldados que Dançaram Hino em Versão Funk


Tribunal confirma condenação de soldados que dançaram hino versão funk no RS



Os seis ex-soldados que dançaram o hino nacional em ritmo de funk dentro de um quartel no Rio Grande do Sul, em maio de 2011, tiveram a condenação confirmada pelo STM (Superior Tribunal Militar), nesta quarta-feira (8).
O militar que gravou a dança, o responsável por colocar a música e o soldado que colocou o vídeo na internet também foram punidos.
De acordo com o STM, os jovens cometeram o crime de ofensa a símbolo nacional e foram condenados a um ano de prisão.
A pena será convertida em prestação de serviços à comunidade.
Segundo o ministro revisor do tribunal, Lúcio Mário de Barros Góes, "o militar tem o dever de respeitá-lo [o hino nacional]. A forma como foi dançada configura um ato de desrespeito e ultraje".
Eles já haviam sido condenados em primeira instância na Auditoria de Bagé (RS).